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Foto do escritorThales Pinheiro

Como e onde usar a vírgula: 6 regras essenciais

Atualizado: 28 de abr.

A pontuação correta é um dos fatores mais importantes para comunicar algo por escrito, pois é ela quem garante que o texto não abra espaço a interpretações indesejadas.


No entanto, a mesma é a que mais gera dúvidas quanto ao seu uso.



Lápis escrevendo uma vírgula num papel bege.
Por que devo usar a vírgula?

O que é a Vírgula


Sendo um dos elementos gráficos de pontuação mais usados em diversos idiomas, a vírgula ( , ) é crucial para garantir a precisão do que se quer exprimir.


Ela desempenha as seguintes funções principais:


  • listar itens na mesma linha;

  • aplicar aposto

  • separar vocativo;

  • intercalar orações;

  • isolar elementos ligados por conjunções;

  • indicar elipse de verbo;


Esses termos parecem difíceis, mas vamos contextualizá-los e explicar suas relações com o uso da vírgula.


Como e onde usar a vírgula


As regras da virgulação são muitas, mas vamos simplificar e falar sobre as mais importantes para não tornar sua mensagem vulnerável às más interpretações.


1. Listar itens na mesma linha


Para não precisar repetir a palavra "e" ao citar vários elementos em uma sentença, usamos a vírgula.


Regra: a vírgula é usada depois do primeiro elemento, até depois do antepenúltimo; antes do último, é usa-se "e" e algum complemento, se necessário.


Exemplos:


"Fomos ao mercado e compramos feijão, arroz, pão e batata".

"Choveu. Por isso, ele recolheu a roupa do varal, guardou a moto e entrou em casa."

"Seu avô era músico, lexicógrafo, professor, e ainda mexia com carpintaria."

"A bola rolou, caiu, quicou e bateu no carro."


2. Aplicar aposto


O aposto é uma frase dentro de outra que tem a função de explicar o que está sendo dito. As vírgulas que o isolam servem para substituir expressões de explicação, como "o qual/a qual é (o que faz, o que é, característica, etc.)", "que é (característica)", entre outras.


Exemplos:


"João, caminhoneiro e construtor civil, ficou famoso com seu carisma."

  • "caminhoneira e construtor civil" explicita o que joão faz, seu ofício.

"Eu convidei ela, mas Alberto, seu atual paquera, já a convidara."

  • o excerto "seu atual paquera" explica quem é Alberto no contexto da vida romântica da moça.

"O escritor, famoso por seus sensíveis poemas românticos, concorrerá ao Nobel 2024".

  • "famoso por seus sensíveis poemas românticos" é o trecho que dá noção da importância do escritor.

"O aposto, elemento sintático que visa explicar ideias, é um ótimo recurso para garantir a compreensibilidade do discurso reduzindo o uso de palavras."

  • "elemento sintático que visa explicar ideias" explica resumidamente o que é o aposto.


Com o aposto, é possível economizar operadores argumentativos e até outros tipos de palavras.


Separar vocativo


O vocativo é o trecho da frase que evoca um ser, faz uma chamada ao interlocutor de forma direta e pessoal, mas também é possível realizar em terceira pessoa.


Regra: isolar o vocativo do resto da sentença entre vírgulas. Ele é sempre um substantivo e algumas vezes é acompanhado de pronomes possessivos (meu, minha, vossa, etc.) e adjetivos (qualidades e características).


Exemplos:


"João, venha aqui."

  • "João" é o substantivo que compõe integralmente o vocativo.

"Desejo muita saúde a ti, irmão."

  • "irmão" é o vocativo puro, apenas substantivo.

"Meu rapaz, não deixe de me fazer aquele favor que lhe pedi."

  • "Meu rapaz" é o vocativo, sendo "rapaz" o substantivo e "meu" o pronome possessivo.

"Querido amor, escrevo-lhe esta carta para exprimir os mais profundos sentimentos que tenho por você."

  • "Querido amor" é o vocativo. "Querido" é o adjetivo que acompanha o substantivo "amor".


Intercalar orações


Vamos começar contextualizando o que são orações.


Orações são unidades gramaticais que contêm um sujeito (quem pratica a ação) e um predicado (o que é feito pelo sujeito).


Por exemplo, na frase "Maria comprou um livro", "Maria" é o sujeito e "comprou um livro" é o predicado, formando assim uma oração completa.


Agora, sobre a intercalação de orações: é quando inserimos uma oração dentro de outra, geralmente para adicionar informações ou detalhes adicionais à frase principal.


Essas orações intercaladas são separadas do restante da frase por vírgulas, travessões ou parênteses, dependendo da preferência do autor e geralmente podem se deslocar de lugar dentro de uma sentença.


Exemplos:

"O Lucas, apesar de ter faltado à aula, fez a atividade.";

"Apesar de ter faltado à aula, o Lucas fez a atividade."; ou

"O Lucas fez a atividade, apesar de ter faltado à aula."


  • Nota-se que a expressão "apesar de ter faltado à aula" troca de lugar dentro da frase, mas o sentido não é alterado.

  • Além disso, a vírgula sempre acompanha a oração deslocada. Quando a oração adicional fica no meio da frase, ela é isolada entre duas vírgulas; no início, com uma vírgula sucessiva; no final, vírgula precedida dela.


Outro exemplo:


"Eu, enquanto tu lês, jogo.";

"Enquanto tu lês, eu jogo."; ou

"Eu jogo, enquanto tu lês".


  • Nesse exemplo, é possível visualizar o deslocamento do trecho "enquanto tu lês" acompanhado de vírgula seguindo a mesma regra do exemplo anterior.


Isolar orações ligadas por conjunções


Uma das funções da vírgula é separar orações quando elas estão ligadas por conjunções, como "e", "mas", "ou", "porque", "quando", entre outras.


Essas conjunções conectam ideias relacionadas em uma frase composta e, se usadas corretamente, melhoram significativamente a coesão do texto, estabelecendo ideias de oposição, conclusão, explicação, adição, tempo e alternação.


Segue abaixo as conjunções mais utilizadas e importantes:



conjunções (operadores argumentativos) em uma tabela didática e suas funções.
Exemplos didáticos de conjunções e suas funções


Essa classe de palavras tem relação direta com a intercalação de orações e o uso vírgula.


Quando usamos conjunções para ligar duas orações em uma frase, a vírgula, muitas vezes, é utilizada para separar essas orações. Isso ocorre para tornar mais claro para o leitor onde uma oração termina e a outra começa, facilitando a compreensão da estrutura da frase.


Por exemplo:


"Maria foi ao mercado, e Pedro ficou em casa."

  • A conjunção aditiva "e" tem função de adicionar o que aconteceu, além da ida de Maria ao mercado, que foi a permanência de Pedro em sua casa.

"Ela estudou muito, mas não passou na prova."


"Você pode ir de carro, ou podemos pegar um ônibus."

"Estudei muito, portanto acredito que passarei no concurso."

"Porque estava ansioso, não consegui ler."


Indicar elipse de verbo


A vírgula também pode indicar a elipse do verbo, ou seja, quando um verbo fica oculto, ou seja, é omitido, mas mesmo assim é possível entendê-lo através do contexto da frase. Essa omissão é comum em situações em que a repetição do verbo não é necessária para a compreensão da frase e ajuda a tornar o texto mais conciso.


Por exemplo:


"Ele gosta de sorvete; ela, de bolo."


  • Nesta frase, o verbo "gostar" é omitido na segunda parte, mas subentendido, indicando que "ela gosta de bolo".

"Ele prefere filmes de ação; ela, de comédia."


  • Neste caso, o verbo "preferir" está implícito na segunda parte da frase.


A utilização da vírgula nesses casos ajuda a separar as partes da frase e a indicar a elipse do verbo, facilitando a compreensão do leitor sobre o que está sendo expresso.


Erros Comuns


É importante abordar as inadequações mais comuns, sendo elas a vírgula:


Entre sujeito e predicado:


Este acidente ocorre quando a vírgulação é feita entre o sujeito e o predicado de uma oração, separando indevidamente esses elementos. Na língua portuguesa, não é gramaticalmente correto separar o sujeito (quem realiza a ação) do predicado (o que é dito sobre o sujeito) com uma vírgula. Isso pode levar a uma construção frasal confusa ou ambígua.


Por exemplo:


"Maria, foi ao mercado."

  • A vírgula está erroneamente separando o sujeito ("Maria") do predicado ("foi ao mercado"), o que pode causar interpretações incorretas da frase.


Geralmente, este erro acontece por causa de uma confusão com o uso de vírgula para indicar elipse do verbo, como tratado anteriormente. Por isso, é importante saber diferenciar as duas situações.


Deve ser empregada a vírgula quando há uma frase com duas ou mais oraçõe, cujos verbos principais são o mesmo:


"Pedro gosta de doces; Camila, de salgados."


É possível notar que há duas orações separadas – "Pedro gosta de doces" e "Camila, de salgados" – por um ponto-e-vírgula, com um mesmo verbo principal ("gosta"). Para não precisar repetir a palavra e tornar a leitura mais fluida, virgula–se.




Depois de conjunções sem uma oração intercalada:


As orações intercaladas, como não requerem uma vírgula depois delas quando estam seguidas de uma oração principal. Isso ocorre porque essas conjunções já ligam uma ideia com a outra. Inserir uma vírgula depois delas é considerado um erro de pontuação.


Por exemplo:


Errado:


"João gosta de sorvete, mas, Maria prefere bolo."

  • Depois de "mas", ela está separando indevidamente as duas orações, o que não é necessário quando a conjunção "mas" conecta duas ideias independentes que têm um sentido completo.


Correto:


"João gosta de sorvete, mas, porque faz mal, não come."

  • Há, agora, uma oração intecalada com conjunção explicativa "porque faz mal", a qual, por sua natureza, é acompanhada de duas vírgulas, o que abre espaço para uma vírgula depois da conjunção da oração principal.


Em lugar de ponto e vírgula:


O ponto e vírgula é utilizado para separar orações independentes que estão relacionadas entre si, quando não queremos criar uma pausa tão grande quanto a do ponto final. Usar uma vírgula no lugar do ponto e vírgula pode gerar confusão na estrutura da frase e prejudicar a clareza do texto. Por exemplo:

Por exemplo:


Errado


 Eu gosto de estudar, Maria prefere sair com os amigos.

  • Nesse caso, a vírgula está sendo usada incorretamente no lugar do ponto e vírgula, o que compromete a estrutura e a fluidez da frase.


Correto:


Separando o verbo do seu complemento direto:

Não é correto separar o verbo do seu complemento direto com uma vírgula. O complemento direto é uma parte essencial da ação verbal e deve estar próximo do verbo na estrutura da frase.


Evitar esses erros comuns no uso da vírgula pode melhorar significativamente a clareza e a fluidez do seu texto, garantindo uma comunicação mais eficaz e precisa.


Por exemplo:


Errado:


Ele comprou, um livro novo.

  • Explicação: Aqui, a vírgula está indevidamente separando o verbo "comprou" do seu complemento direto "um livro novo", o que pode confundir a estrutura da frase.


Correto


"Ele comprou um livro novo"

  • Sem vírgula, a leitura torna fluida, além de que o sujeito e o verbo não se isolam do resto da sentença.


Conclusão


Dominar como e onde usar a vírgula é essencial para garantir a clareza e a precisão da comunicação escrita. Ao compreender as regras e evitar os erros mais comuns, você pode aprimorar significativamente sua escrita e transmitir suas ideias de forma mais eficaz.


É importante lembrar que a prática é fundamental para aperfeiçoar suas habilidades de pontuação. À medida que você escreve e revisa seus textos, preste atenção ao uso correto da vírgula e busque feedback para aprimorar sua técnica.


Agora que você está familiarizado com a vírgula e seu uso, é interessantíssimo ler mais sobre o universo da expressão escrita! Clique aqui e acesse o nosso blog para obter dicas fáceis e didáticas e se destacar nos discursos, seja como escritor, redator ou mesmo estudante.

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